quarta-feira, 30 de setembro de 2009

COMO SE FAZ UMA TESE EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Retirado do blog Dê graça é mais gostoso.
“A tese é como um porco: nada se desperdiça”. Reunindo uma sólida erudição, exposta de maneira didática, a um senso de humor que tudo ilumina, Umberto Eco é o autor mais indicado para a árdua e indispensável tarefa de ensinar como se faz uma tese.
Neste manual prático, Eco vale-se de sua enorme experiência acadêmica para esquadrinhar desde os aspectos básicos de uma tese (a escolha do tema e do orientador, as técnicas de pesquisa e fichamento) até as regras de sua redação (chegando mesmo a minúcias de diagramação). Em 19ª edição, capaz de interessar mesmo aos que não têm para ele um uso prático, esse livro segue firme comprovando sua ousada afirmação: “fazer uma tese significa divertir-se”.

Autor: Umberto Eco

Editora: Editorial Presença
Lancamento: 2007
Tamanho: 21.4 Mb
Formato: Rar / Pdf
Idioma: Português


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DOCUMENTÁRIO "EM QUADRO" NO FESTIVAL DO RIO

Retirado da lista do Festival do Rio no site do O Globo.

Os quatro em quadro
Filme mostra trajetória de atores negros nas telas brasileiras
Plantão Publicada em 28/09/2009

RIO - Contrariando a tendência histórica do cinema, do teatro e da televisão brasileira, Ruth de Souza, Milton Gonçalves, Léa Garcia e Zezé Motta serão na tarde desta segunda-feira protagonistas absolutos da Première Brasil Retratos, com a primeira sessão do filme "Em quadro", dirigido por Luiz Antonio Pilar. O longa discute, por meio da trajetória dos quatro, como o mercado artístico vem reagindo à emergência social do negro.
O documentário retrata a vida e a obra desses quatro atores brasileiros, que lembram nos depoimentos movimentos culturais como o Teatro Experimental do Negro, o Teatro de Arena, o cinema da Atlântida e da Vera Cruz. Além das entrevistas de Ruth, Milton, Léa e Zezé, os cineastas Roberto Farias, Cacá Diegues, Antonio Carlos da Fontoura e Joel Zito Araújo relatam experiências vividas com os quatro em obras como "O assalto ao trem pagador", "Xica da Silva", "A rainha diaba" e "Filhas do vento".
O filme não terá circulação comercial e pretende distribuir cinco mil cópias pelo país, além de programar exibições em escolas e instituições ligadas à educação, cultura e arte.

EM QUADRO.
SEG (28/09) 17h15m Odeon Petrobras.
QUA (30/09) 13h50m Estação Vivo Gávea. 1
QUA (30/09) 17h50m Estação Vivo Gávea 3.
SEX (02/10) 19h Cinema Nosso.
DOM (04/10) 14h Ponto Cine.

COLETIVO SANKOFA APRESENTA DOCUMENTÁRIO "EU SOU O POVO"

Recebido por email. Para ampliar clique na imagem.


terça-feira, 29 de setembro de 2009

CURSO INTERATIVO RECUPERAÇÃO DE HDS E DADOS

Retirado do blog Dê graça é mais gostoso.

Resgatar arquivos perdidos e apagados
* Aprenda a prevenir falhas de funcionamento de HDs.* Resgate arquivos deletados.* Recupere arquivos de pen drives.* Saiba como fazer backups preventivos.* Clone seu disco rígido.* Salve dados de CDs e DVDs danificados.

Estilo: Recuperação de Dados

Fabricante: Digerati

Tamanho: 280 Mb

Formato: Zip

Idioma: Português


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ATO EM DEFESA DAS COTAS RACIAIS NA UENF NO RJ

Retirado do blog Coletivo pró-cotas UNB.

O Coletivo “Articulação em defesa das cotas” organiza ação direta para sensibilizar e mobilizar a comunidade acadêmica da UnB sobre política de ação afirmativa

28 de setembro de 2009

Um ato público em defesa das cotas raciais será realizado durante a abertura da IX Semana de Extensão da Universidade de Brasília/UnB, no campus do Plano Piloto. O coletivo “Articulação em defesa das cotas” (grupo que tem aglutinado alun@s cotistas e não cotistas, estudantes de diversas IES, representantes governamentais e não-governamentais, partidos políticos, movimento estudantil, sindicatos, entidades negras e outras que defendem a política de ação afirmativa) realizará um ato pacífico, simbólico e lúdico nesta terça-feira, 29 de setembro de 2009, a partir das 16h, na entrada da Ala Norte, com a possibilidade da presença do João Jorge, presidente do Olodum (a confirmar). Esta ação direta faz parte do movimento crescente na luta pela permanência da política de ação afirmativa nas universidades brasileiras.

Ato em defesa das cotas raciais na UnB
Campus Universitário Darcy Ribeiro, ICC/Entrada da Ala Norte
29 de setembro de 2009a partir das 16h

I CONFERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO E CULTURA DA POPULAÇÃO NEGRA DO DF

Recebido por email. Para ampliar clique na imagem.

NEGRO É UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL, AFIRMA ESPECIALISTA DO IBGE

Retirado do site do jornal A Tarde.
Está entrevista é muito direta e objetiva ao explicar o trabalho feito pelo IBGE, mas a pesquisadora por desconhecimento (ou por não achar importante) não disse que não houve censo em 1910 e 1930, além de ter errado sobre a omissão da questão racial nos censos, pois isso ocorreu nos levantamento de 1900, 1920 e 1970. Ou seja, só tivemos contância desse tipo dados a partir de 1980.
Outra coisa estranha foi a afirmação que o primeiro censo foi no início do século XIX, na verdade ele aconteceu em 1872.
Resgatamos uma postagem do início do aldeiagriot, onde sugeríamos a leitura de uma dissertação muito rica analiticamente sobre os censos populacionais brasileiros. Os links para a dissertação seguem após a postagem do jornal A Tarde.

27/09/2009
Gilberto Costa, da Agência Brasil


Brasília - Desde o século 19, o Brasil procura fazer um levantamento, por meio do censo, da cor da população. Na semana passada, pela primeira vez na história, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou que mais da metade dos brasileiros é formada por pessoas com a cor de pele parda ou preta (50,6%).O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e se baseia na autodeclaração ou “autoclassificação” como prefere dizer Ana Lúcia Sabóia, chefe da Divisão de Indicadores Sociais do instituto.O critério de autoclassificação é recomendado internacionalmente e apontado como alternativa menos subjetiva para definir a cor de uma pessoa.Na entrevista abaixo, feita antes da divulgação da nova Pnad, a técnica do IBGE explica como é o procedimento de pesquisa:

Agência Brasil: Como funciona a coleta de informação sobre cor e raça?
Ana Lúcia Sabóia: Essa informação é coletada com os moradores do domicílio. É feita a pergunta 'qual é a sua cor?' A pessoa responde branca, preta, parda, amarela (para quem tem origem asiática) e indígena.


ABr: O quadrinho de preto e pardo não é o mesmo?
Ana Lúcia: Não, são separados. O sistema de classificação de categorias do IBGE está dividido nessas cinco opções. Nós chamamos esse sistema de autoclassificação. A pessoa entrevistada é que diz a sua cor. Se ela responde uma cor diferente destas cinco categorias, é pedido que se inclua em uma das categorias. É muito simples e claro, é a pessoa que se define, não é o entrevistador. Essa é a instrução para todas as pesquisas domiciliares do IBGE. Todas elas coletam a variável cor: a Pesquisa Mensal de Emprego [PME], a Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar [Pnad], a Pesquisa de Orçamentos Familiares [POF] e o Censo Demográfico.

ABr: Desde quando se pesquisa a cor da população brasileira?
Ana Lúcia: O Brasil conta com uma série histórica muito longa de coleta sobre a cor das pessoas. Desde o primeiro censo, no início do século 19, nós temos informações. Salvo o censo de 1970, que não conteve esse item. No censo de 2010 essa pergunta estará no mesmo nível de idade e sexo, e a cor será perguntada para toda a população.

ABr: E quando quem responde o questionário é apenas uma pessoa do domicílio, ela informa a cor de toda a família?
Ana Lúcia: A instrução dada aos recenseadores e aos agentes das coletas usuais é que se colete a informação diretamente com cada um dos moradores. Nós sabemos, no entanto, que isso não é possível na maioria dos casos. É raro entrar em um domicílio quando estejam todos os moradores. Existe a possibilidade que a pessoa entrevistada acabe não respondendo exatamente como cada membro do domicílio gostaria de ser identificado.ABr: Isso pode comprometer os resultados?Ana Lúcia: O sistema que nós temos utilizado tem sido muito consistente ao longo desses anos. Obviamente estamos sempre fazendo reavaliações, pelos nossos estudos internos, existe bastante consistência e coerência mesmo quando existe declaração de cor para diferentes membros no domicílio.

ABr: O procedimento de autodeclaração é recomendado internacionalmente?
Ana Lúcia: Sim, é uma questão de autopercepção e sempre relacional. Você se considera de uma cor olhando para as pessoas. A recomendação da ONU [Organização das Nações Unidas] é de que as pessoas devem se autoclassificar. Existe em cada sociedade valorações diferentes de cor. Países como a Inglaterra, Estados Unidos e Canadá fazem como o Brasil. Nos Estados Unidos ainda perguntam qual a origem e daí é possível ter a classificação 'branco com origem anglo-saxão' ou 'branco com origem mexicana', por exemplo.

ABr: Costumamos ouvir que o Brasil é o segundo país do mundo com mais negros. É precisa essa informação?
Ana Lúcia: Não há como dizer qual que é a classificação correta. A categoria parda é bastante abrangente no Brasil. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a pessoa que se diz parda não tem origem afrodescendente, mas dos colonizadores que passaram lá junto com os indígenas. O mesmo pode acontecer com uma pessoa que tem origem asiática e branca. Como a pele não é exatamente branca ou amarela, ela pode se classificar como parda. Essa categoria é uma categoria muito ampla, muito abrangente, na qual as pessoas se classificam tendo origem diferente.

ABr: Ao dizer negro estamos juntando as categorias preto e pardo?
Ana Lúcia: Os indicadores relativos a essas populações são semelhantes e muito diferentes dos brancos. Se você quiser ser preciso você não deve chamar de negro porque não existe uma classificação. Nós chamamos de preto ou pardo. Cor você não chama de negro, você não diz estou com uma blusa negra, diz estou com uma blusa preta. Negro é uma construção social, é uma identificação que não é exatamente a cor da pele. O nosso sistema é um pouco híbrido tem a cor da pele, mas tem a origem quando estabelece indígena e amarelo.

ABr: É justo fazer políticas afirmativas com base em critérios raciais?
Ana Lúcia: As políticas de afirmação conseguiram, em alguns países onde havia discriminação, quebrar um ciclo que estava cristalizado. Eu sou favorável às políticas de afirmação. As dúvidas são pequenas perto da série histórica que a gente tem, da consistência intra-geográfica e intergeográfica. Então, sabidamente, no Sudeste e no Sul há mais pessoas que se declaram de cor branca, diferentemente das pessoas no Norte e Nordeste. Eu sou muito favorável às políticas de cota para os que estão aquém no desenvolvimento social.


POSTAGEM FEITA NOS PRIMÓRDIOS DO ALDEIAGRIOT, EM 09 AGOSTO DE 2007.

DISSERTAÇÃO SOBRE OS CENSOS POPULACIONAIS NO BRASIL

A imagem ao lado faz parte da dissertação: “As fontes estatísticas em relações raciais e a natureza da investigação do quesito cor nas pesquisas sobre a população no Brasil: Contribuição para o estudo das desigualdades raciais na educação.”, da Aparecida Tereza Rodrigues Regueira.

A autora, não contente em expor a dissertação em PDF, elaborou a apresentação por meio de uma exposição multimídia que da ainda mais vontade de ler esta pesquisa, elaborada em 2004 na UERJ, que vasculha os censos brasileiros no século XIX (1872 e 1920) e todos os outros ao longo do XX.

Identificar como os diversos governos encaravam os brasileiros dentro da questão racial é um desafio gigantesco, mas a autora cumpre este objetivo com maestria. Ela ainda merece mais aplausos por ter tido o cuidado de escanear folhas importantes dos diversos censos para disponibilizar como anexo ao invés de simplesmente digitá-los.

Uma obra que merecia ser publicada, mas enquanto isso não ocorre (e a pagina da UERJ não disponibiliza) clique nos dois links abaixo. Crie uma pasta no computador e salve este dois arquivos. Para abri-los use o programa Winrar para descompactar e clique no aplicativo de nome "Autrorun" que abrira uma janela como a da imagem acima
primeira parte



segunda parte

SUMARIO
Introdução..12
1 - A discussão racial no Brasil: fundamentação Teórica..19
2 - A cor nas estatísticas da população brasileira (1872-2003) e o mapeamento de fontes..60
3 - Os depoimentos daqueles que discutem a questão racial No Brasil...118
4 - Considerações finais..133
Referências..136

Anexos..141



AUDIÊNCIA PÚBLICA DISCUTE COTAS RACIAIS EM NOVA ANDRADINA

Retirado do site Agorams.

AUDIêNCIAS - N. ANDRADINA - - MS
Mato Grosso do Sul, Terça-Feira, 29 de Setembro de 2009


Depois de regulamentada em âmbito estadual, a proposta que prevê cotas para negros aprovados em concursos públicos será discutida no município de Nova Andradina. A audiência pública será realizada nesta terça-feira, 29, às 19h, no anfiteatro da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul).

A lei estadual n°3.594/08 é de autoria do deputado Amarildo Cruz, do PT. “MS é o segundo Estado do País a instituir cotas no serviço público. Desta forma precisamos esclarecer a população sobre a importância de ações afirmativas para a promoção da igualdade racial”, afirmou o deputado, que confirmou presença no evento proposto pelos vereadores Vicente de Sousa Lichoti (PT) e Mário Ferreira de Oliveira (PR).
Também participa do debate, a professora da UEMS, Maria José de Jesus Alves Cordeiro. A intenção é discutir uma proposta municipal a ser apresentada na Câmara de Vereadores de Nova Andradina.
Amarildo Cruz vai falar sobre a tramitação do então projeto de lei na Assembleia Legislativa. “Passamos por um processo de convencimento com cada um dos deputados, e obtivemos a aprovação unânime da proposta”, afirmou o parlamentar, que também realizou uma audiência pública sobre o tema.
A lei estadual está em vigor desde dezembro do ano passado. Conforme o decreto, assinado em 8 de setembro deste ano, a previsão de reserva de vagas oferecidas para negros entre os candidatos aprovados deverá constar nos editais dos concursos públicos. De acordo com a Secretaria de Administração do Estado, no último concurso estadual cerca de 220 candidatos se inscreveram pelo programa de reserva de vagas.

RJ VAI SEDIAR SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE PROTEÇÃO À LIBERDADE RELIGIOSA

Recebido por email

Nos dias 30 de setembro e 1º de outubro, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) promove, no Rio de Janeiro, o Seminário Nacional sobre Proteção à Liberdade Religiosa.
Voltado a religiosos, intelectuais, políticos, educadores, estudantes, pesquisadores e artistas, o evento irá colher subsídios para a elaboração do Plano Nacional de Proteção e Promoção da Liberdade Religiosa no Brasil. Os painéis e debates abordarão temas como o papel do Estado e dos meios de comunicação, os instrumentos jurídicos existentes contra o racismo, a discriminação racial e a intolerância religiosa.
O Seminário é uma parceria da SEPPIR com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e conta com apoio da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e da Rede Globo. Será realizado no Auditório Oscar Guanabarino da ABI (Rua Araújo Porto Alegre, 71).


Para mais informações, o telefone da SEPPIR é (61) 3411-3628 / 3635.

Confira a programação 30/9

Às 9h: Painel 1 - Estado Laico e Liberdade Religiosa
Coordenação: Carlos Alberto Ivanir dos Santos, diretor executivo do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP)
Expositores:
- Edson Santos, ministro da SEPPIR
- Benedita da Silva, secretária de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro
- Jorge da Silva, cientista político e coronel da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro
- Lidivaldo Reaiche Raimundo Brito, procurador-geral de Justiça do estado da Bahia

Às 14h30: Painel 2 - Sistema de Ensino, Cultura e Respeito à Diversidade Religiosa
Coordenação: Martvs Antonio Alves das Chagas, subsecretário de Políticas para Ações Afirmativas da SEPPIR
Expositores:
- Paulo Vannuchi, ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH)
- Diane Kuperman, conselheira da Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro
- Maria Cristina Marques, pesquisadora em cultura africana da Fundação Educacional de Macaé
- Francisco Ivern Simó, vice-reitor para Assuntos de Desenvolvimento da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro1º/10

Às 9h - Painel 3: Meios de Comunicação e Respeito à Liberdade Religiosa
Coordenação: Manuela Pinho Azevedo de Souza, subsecretária de Planejamento e Formulação Política da SEPPIR
Exposição:
- Joel Rufino dos Santos, historiador e escritor
- Cleidiana Ramos, jornalista do jornal "A tarde"
- Joel Zito Araújo, cineasta e pesquisador em Comunicação
- Maurício Azedo, jornalista, presidente da Associação Brasileira de Imprensa
- Zezé Motta, superintendente de Promoção da Igualdade Racial do Estado do Rio de Janeiro

Às 11h30 - apresentação de "O Sagrado", por Luis Erlanger

Às 14h - Painel 4: Criminalização dos atos e manifestações de racismo, discriminação racial e intolerância religiosa
Coordenação: Alexandro da Anunciação Reis, subsecretário de Políticas para as Comunidades Tradicionais da SEPPIRExposição:
- Manoel Jorge e Silva Neto, procurador do Ministério Publico do Trabalho da Bahia
- Augusto Sérgio dos Santos de São Bernardo, advogado e professor da Universidade Estadual da Bahia
- Maria Bernadete Azevedo, procuradora de Justiça, coordenadora do Grupo de Trabalho contra o Racismo Institucional do Ministério Público de Pernambuco
- Eloi Ferreira de Araújo, secretário-adjunto da SEPPIR

Comunicação Social da SEPPIR /PR
(61) 3411-3696/3659

PC GUIA - OUTUBRO DE 2009

Retirado do blog Dê graça é mais gostoso.
Estilo: Revista Gênero: Informática
Edição: Outubro de 2009
Tamanho: 30 Mb
Formato: Zip / Pdf
Idioma: Português

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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

BAIXE O DOCUMENTÁRIO "SOB O SIGNO DA JUSTIÇA - A LUTA PELAS COTAS NA UNIVERSIDADE NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Retirado do canal zumbaylluav.

Documentário com cenas gravadas no momento da reunião que iria decidir as cotas na UNB. É um curta amador, mas muito bem montado e com diversas entrevistas que fazem a gente entender os motivos para a criação da proposta. Vale a pena ver e baixar para o acervo.

Para baixar o documentário clique em SOB O SIGNO DA JUSTIÇA.

Titúlo: "Sob o Signo da Justiça - A luta pelas cotas na Universidade de Brasília"
Direção: Carlos Henrique Romão de Siqueira e Ernesto Ignacio de Carvalho.
Duração: 20min.
Idioma: Português.
Brasília, 2005.
Formato: WMV
Tamanho: 134,6 Mb
Servidor: Mediafire


No Brasil é comum dizer que as ações afirmativas nas universidades foram "impostas de cima pra baixo" a partir do Governo Federal ou do Legislativo. Mas a verdade é que elas são uma demanda histórica do movimento negro. Este documentário conta um pouco do processo interno de discussão na UnB que levou à conquista das cotas para estudantes negros, desde a primeira apresentação pública da proposta, em 1999, até a sua aprovação, em 2003. Realizado com prêmio de comunicação da Fundação Palmares. Traz falas de algumas das pessoas que mobilizaram essa luta.In Memoriam: Jocimar de Oliveira Araújo.

Sob o Signo da Justiça - A luta pelas cotas na Universidade de Brasília - Parte 1



Sob o Signo da Justiça - A luta pelas cotas na Universidade de Brasília - Parte 2



Sob o Signo da Justiça - A luta pelas cotas na Universidade de Brasília - Parte 3




BAIXE TAMBÉM:
FILME HOMENS BRANCOS NÃO SABEM ENTERRAR
FILME A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA
DOCUMENTÁRIO DA BBC - RACISMO: A HISTÓRIA
SERIADO TODO MUNDO ODEIA O CHRIS - 4 TEMPORADA
SERIADO TODO MUNDO ODEIA O CHRIS - 3 TEMPORADA
SERIADO TODO MUNDO ODEIA O CHRIS - 2 TEMPORADA
SERIADO TODO MUNDO ODEIA O CHRIS - 1ª TEMPORADA
FILME DREAMGIRLS
DESENHO DO JACSON FIVE
DESENHOS DO SUPER CHOQUE
DOCUMENTÁRIO SOBRE O CARTOLA
DESENHO AFRO-SAMURAI
THE BOONEDOCKS - UM DESENHO AFROCENTRADO
O FILME E O LIVRO "COR PÚRPURA"
DOCUMENTÁRIOS “ENCONTROS COM MILTON SANTOS"
DOCUMENTÁRIA NEGAÇÃO DO BRASIL
FILME MALCOLM X
FILME HOTEL RUANDA
DESENHO KIRIKOU E OS ANIMAIS SELVAGENS
FILME PANTERAS NEGRAS
DOCUMENTÁRIOS SOBRE A VIDA DE ABDIAS NASCIMENTO
FILME QUILOMBO (1984)
DOCUMENTÁRIO E LIVRO SOBRE TIM MAIA
ANIMAÇÃO E HQ PERSÉPOLES
DOCUMENTÁRIO “ABOLIÇÃO”
DOCUMENTÁRIO "AFROMEMORIA"
DOCUMENTÁRIO "QUANDO O CRIOULO DANÇA"
DOCUMENTÁRIO: "VISTA MINHA PELE"
DESENHO KIRIKOU I

NA UNB, ALUNO COTISTA TEM O MESMO DESEMPENHO DE NÃO COTISTA, AFIRMA DECANA

Retirado do Terra Notícias.

27 de setembro de 2009

Os alunos cotistas da Universidade de Brasília (UnB) têm aproveitamento acadêmico semelhante ao de seus colegas não cotistas. Em alguns critérios sobre o desempenho discente, a diferença é favorável aos cotistas. A informação é da decana de Ensino de Graduação, Márcia Abrahão Moura. De acordo com os dados apresentados pela professora, o Índice de Rendimento Acadêmico dos alunos cotistas é de 3,58 contra 3,63 obtidos pelos não cotistas (a nota máxima é 5). "É praticamente irrisória a diferença", defende Márcia.
Segundo Márcia Moura há proporcionalmente menos cotistas desistentes dos cursos universitários do que os não cotistas. Os cotistas tem menos processos na comissão de acompanhamento e orientação acadêmica. Eles representam apenas 6,6% dos processos, menor que a proporção deles na universidade (em torno de 10%, 2.990 alunos).
"O percentual é muito menor do que imaginavam os contrários às cotas", aponta a decana que também assegura que "não existe retenção reprovação maior de cotistas do que dos não cotistas".
"O rendimento é o mesmo. Nós estamos conseguindo formar bem os alunos independentemente da origem", sintetiza Márcia Moura.
A política de cotas foi implantada na UnB no segundo semestre de 2004. Mais de 280 estudantes cotistas já se formaram na universidade que promete fazer um levantamento sobre o aproveitamento de seus ex-alunos no mercado de trabalho.
Por enquanto, a decana avalia que a universidade está se transformando. "A universidade mudou para melhor. Tem uma diversidade maior de alunos e uma convivência de pessoas diferentes que vem de camadas sociais e escolas diferentes."
Na avaliação de Aline Costa, vice-coordenadora do Projeto AfroAtitude da UnB, e já formada em pedagogia, "a universidade mudou bastante porque teve que se repensar para poder nos incluir". "Existia um único padrão, padrão de pensamento, padrão de comportamento, um padrão acadêmico", diz Aline que foi da primeira turma de alunos cotistas a entrar na instituição.
Segundo Aline, a presença dos estudantes negros na universidade é emblemática. "Dentro de uma sala, onde todo mundo faz parte de uma elite, onde todo mundo tem um único projeto de vida, a gente, com as nossas trajetórias, muda a realidade, a gente muda o discurso. Visualmente é fato que a gente já conseguiu colorir a universidade."
Para a formanda em antropologia Natália Maria Alves Machado, a política de cotas conseguiu unir pessoas de realidades completamente distintas que passaram a ter um convívio cosmopolita na universidade. "No AfroAtitude, a gente tem quilombola, tem gente que mora na cidade. Tem gente que tem a cultura hip hop de periferia, tem gente ultra evangélica. Tem uma heterogeneidade interna muito grande."
O ingresso na universidade pública por meio do sistema de cotas também faz com que esses alunos habitem mundos bastante distintos. "Você é morador de periferia, mas você não é como seus vizinhos nem está nos espaços que as pessoas da sua comunidade estão. Ao mesmo tempo, você está na universidade com outras pessoas de outro status cultural e você também não é igual a eles", analisa Natália Maria.
Segundo as estudantes, no convívio com as diferenças, identidades foram reveladas. "Eu passei por um processo muito bacana de identificação. Não que eu não soubesse que era negra, mas foi um processo de análise, reflexão e entendimento de tudo que acontecia na sociedade", afirma Luiana Maia do quinto semestre de História.
A estudante Jade Dantas, do quarto semestre de biblioteconomia, também revela que a condição de universitária ajudou a criar uma identidade própria. "A minha mãe é branca. A gente não foi criada com essa identificação. Eu não tinha consciência do tamanho que isso era."
Segundo Jade, frequentar a UnB não estava nos seus planos sobre o futuro. "Quando eu era criança ninguém falava em universidade ou fazer ensino superior. Nunca tive visão de futuro nesse sentido, nem na escola nem no ensino médio", conta.
A entrada na universidade abriu novas perspectivas não só para Jade mas para toda a família "Hoje eu já sou uma referência. Minha irmã já fala: ''minha filha vai fazer faculdade como a minha irmã''. Mudou muito a perspectiva. A minha escolha como cotista alcançou a minha família", assinala.
Humberto Borges, terceiro semestre de letras tem uma história semelhante. Foi o segundo da família a entrar no curso superior e o primeiro em uma universidade pública. "Minha sobrinha diz: acho que eu vou ser que nem a tia Isadora e o io Humberto, eu vou ser professora também".
No início da implantação da política afirmativa da UnB havia o temor, dentro e fora da universidade, de que o convívio forçado pelas cotas pudesse gerar conflitos, manifestações de intolerância e racismo. O cenário projetado, apesar de alguns episódios, não se confirmou.
"Ninguém que não era um racista violento ia se tornar por causa das cotas. Existe esforço de convivência? Existe, mas em que sociedade humana não existe? Que encontro de diferenças não tem isso? Que contato intergrupal, interétnico ou internacional não tem o esforço de convivência? Se existe política de inclusão é porque tinha alguém que estava excluído", analisa a futura antropóloga Natália Maria Alves Machado.

domingo, 27 de setembro de 2009

IV SEMINÁRIO MULHERES NEGRAS E SAÚDE

Recebido por email. Para ampliar clique na imagem.

REITOR DA UFBA AFIRMA QUE SISTEMA DE COTAS DA UNIVERSIDADE TEM MAIS EFICIÉNCIA SOCIAL

Retirado do site Terra notícias.

27 de setembro de 2009

Pesquisa feita pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) mostra que a conjugação do sistema de cotas sociais com o de cotas raciais, utilizado pela instituição, pode ser um meio eficiente de dar acesso à universidade aos setores populacionais mais excluídos.
Desde 2004, a universidade destina 45% de suas vagas para os alunos oriundos de escolas públicas. Dentro dessa cota primária é aplicado o segundo corte, preenchido de forma proporcional à composição de raça/cor da população no caso da região metropolitana de Salvador, 85% são pretos ou pardos. Os candidatos às vagas universitárias devem fazer autodeclaração quanto a sua cor, mesma metodologia utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para definir a cor dos entrevistados no Censo Demográfico.
Na avaliação do reitor da instituição, Naomar Monteiro de Almeira Filho, o sistema "é muito mais eficiente e dá resultados mais rápidos do que outros modelos de discriminação positiva", diz, comparando o modelo baiano ao sistema de bônus para alunos egresso de escolas públicas, utilizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e ao sistema de cotas raciais, como o da Universidade de Brasília (UnB).
"Entre os quatro modelos, o nosso foi o que o MEC Ministério da Educação acolheu e apresentou como proposta ao Congresso Nacional", ressalta o reitor se referindo ao projeto de lei em discussão no Senado Federal que institui cotas para as universidades federais. "O modelo que a gente concebeu, ao secundarizar a questão da cor e dar prioridade à origem social e escolar, produz a equidade", avalia.
Quase 70% dos cotistas da UFBA vêm de famílias que recebem até três salários mínimos. "Isso destrói o mito de que o sistema de cotas privilegia os alunos negros da elite ou do colégio militar", considera o reitor para quem "o sistema está colocando na universidade gente realmente pobre".
Segundo Naomar Filho, a "eficiência social" do sistema da universidade pode ser verificado no significativo aumento de chance de os alunos pobres ingressarem na universidade. Há cinco anos, a chance de aprovação no vestibular de um aluno com renda familiar de até três salários mínimos era 5,5 vezes menor do que a chance de um aluno com renda acima de 20 salários mínimos ou mais. Hoje a diferença é de apenas 1,6 vezes.
O reitor relata que a universidade mudou o seu perfil demográfico e, hoje, apenas 51% são oriundos de colégios particulares. Segundo Naomar Filho, não houve protestos da classe média alta contra a "subtração de vagas", porque a inclusão de cotistas é feita com a ampliação do número de vagas na instituição. Houve também, nesse período, a interiorização da universidade com a instalação de novos campi universitários e abertura de cursos noturnos (3.660 vagas), viabilizados com o financiamento do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Em 2004, a UFBA ofereceu 3.900 vagas. No vestibular para 2010 serão 7.916 vagas.
Outros indicadores levantados pela pesquisa da UFBA mostram que o desempenho dos alunos cotistas é satisfatório. "A performance relativa ao ponto de entrada é sempre melhor. Todos os anos os cotistas melhoram mais e os não cotistas pioram o seu desempenho", afirma o reitor destacando que "quanto mais pobre, maior o progresso; e quanto mais rico, pior o desempenho relativo".
"A hipótese de explicação é que fazer universidade tem mais valor para os mais pobres do que para os mais ricos", acredita Naomar Filho.

POLÍTICAS DE COTAS TORNA ELITE MAIS COLORIDA, DIZEM SIMPATIZANTES

Retirado do site Terra notícias.

27 de setembro de 2009

No próximo ano, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) deverá realizar um estudo sobre a entrada no mercado de trabalho de alunos que foram cotistas em universidades públicas. A informação é do diretor de Estudos, Cooperação Técnica e Políticas Internacionais, Mário Lisboa Theodoro o único diretor negro do principal órgão formulador de políticas públicas e de planejamento do Estado brasileiro.
Economista com doutorado na Sorbonne (Université Paris I) e consultor legislativo, o currículo de Theodoro destoa da trajetória da maioria das pessoas negras no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, Pnad 2006), das pessoas com 25 anos ou mais de idade e com 15 anos ou mais de estudo apenas 3,3% se declara "preta", enquanto 78,1% são "brancos".
Por causa dessa desigualdade, encontrar um negro com alta escolaridade e bem empregado chega a surpreender. O diretor do Ipea lembra que já foi confundido como segurança pelo guardador de carros do estacionamento do Senado Federal, do qual é funcionário de carreira. "A única possibilidade de trabalho que esse guardador de carro enxergava para um homem negro vestido de terno como eu era a de segurança. É isso que ele vê: os negros quando põem terno são seguranças".
Na avaliação de Mário Theodoro, as políticas de cotas nas universidades públicas têm o mérito de "colorir um pouco nossa elite". "O programa de cotas quebra um determinado ciclo vicioso em que as mesmas famílias colocam seus membros na universidade enquanto outros grupos não conseguem o mesmo. Assim se reproduz dois circuitos o dos que conseguem ir para a universidade e o dos que não conseguem ascensão", defende.
O economista assinala que a política de cotas não tem o objetivo de acabar com a pobreza. "Pobreza se acaba com distribuição de renda e proteção social", explica. "Ter uma elite negra vai fazer diferença porque a população brasileira vai passar a ver coisas inusitadas como médicos negros, engenheiros negros, pessoas negras em cargos de direção. Aí a gente vai ver a competição de negros e brancos por cargos que hoje são predominantemente destinados à população branca".
O ministro Edson Santos, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, concorda com o diretor do Ipea e defende que "é preciso ter em áreas estratégicas da administração pública e do setor privado a diversidade étnica e cultural desse país".
No entanto, a ideia da "elite colorida" não é unânime. Para o professor de sociologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Jesse Souza "não precisamos mudar a cor da elite, precisamos, sim, de uma sociedade menos elitista e desigual", defende. "Para isso, compreender o processo de produção das desigualdades sociais em toda a sua complexidade é fundamental", disse o intelectual que está publicando um livro sobre "quem é e como vive a ralé brasileira".
Outro crítico da política de cotas, o geógrafo Demétrio Martinelli Magnoli contesta "a legitimidade de se ter uma elite que se define em termos raciais". Para ele, "a criação de elite de raça se baseia no conceito que os verdadeiros protagonistas da história são as raças. Conceito desenvolvido por muitos e até por Hitler. Quem acredita nisso deve acreditar que de fato cada raça tenha sua elite".

PARTIDO QUE DESCUMPRIR COTAS PARA MULHERES FICARÁ IMPUNE

Retirado do site da Bandeirantes.

Domingo, 27 de setembro de 2009
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Plenário da Câmara aprova o projeto de reforma eleitoral, que agora segue para sanção do presidente Lula
Martina Cavalcanti, da Redação
Apesar de incluir novas formas de incentivo à participação feminina na política, a reforma eleitoral, aprovada pela Câmara no último dia 16, mantém impunes os partidos que descumprirem a cota destinada às mulheres. À espera de sanção presidencial para vigorar nas eleições de 2010, a nova lei torna mais explícita a obrigatoriedade de ao menos 30% de candidaturas femininas. Porém, não estabelece sanção para os partidos que deixem de atender à reserva. A decisão dos parlamentares é contrária à opinião da maioria de seus representados. Segundo pesquisa Ibope realizada em fevereiro deste ano, 86% da população brasileira apóia a punição.
Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sem previsão de sanção, a Justiça Eleitoral não pode fiscalizar. De acordo com a assessoria do órgão, o TSE “só executa a lei, não há determinação para legislar”. Para Patrícia Rangel, doutoranda em Ciência Política na UnB (Universidade de Brasília) e membro do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), a ausência de penalidades “torna inútil” a medida e dá “um efeito de caráter simbólico, não efetivo, à legislação”.
A subsecretária de articulação institucional da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Sônia Malheiros, afirma que uma comissão tripartite irá elaborar uma proposta de revisão da reforma a ser apresentada à Câmara no final de novembro. Segundo Malheiros, um dos itens do texto se refere à sanção aos partidos que violarem as cotas.
Flávio Dino (PCdoB-MA), relator do projeto na Câmara, diz que a sanção não foi acolhida, pois seria “puramente demagógica e simbólica”, já que não teria nenhuma conseqüência prática. Dino explica que a proposta de rejeitar o registro de candidaturas dos partidos que descumprissem a cota foi cogitada nas discussões. Porém, de acordo com o deputado, o sistema de lista aberta impediria a efetividade da sanção.
“No sistema de lista aberta, que nós temos hoje, as candidaturas são, na prática, pessoais. Portanto, se o partido não requerer o registro, cada candidato pode, individualmente, fazer isso”, afirmou. “No sistema de lista fechada, seria mais fácil, porque bastaria prever que a lista só poderia ser registrada em cumprindo a cota”, completou Dino.
A lista fechada é uma das principais demandas do movimento feminista, segundo Rangel. “Apesar dos esforços das mulheres articuladas, o que passou [na reforma] não atendeu essa demanda”, diz. Dino afirma que a proposta estava na reforma eleitoral, porém, como “é minoritária na Casa”, foi retirada. “Já houve duas tentativas. Em 2007, essa proposta foi derrotada e, agora, nós reapresentamos a proposição e ela seria derrotada de novo”, constatou. O relator afirma que a lista fechada voltará a ser discutida, mas que não há previsão para acontecer.
Participação Feminina
A dissonância entre a opinião pública e a prática dos partidos também pode ser observada em outro dado da pesquisa do Ibope. Segundo o levantamento, 75% da população brasileira é favorável à política de cotas para mulheres na política, mas, apenas 21,34% das candidaturas foram femininas nas eleições de 2008.
De acordo com o TSE, os partidos alegam não haver quantidade suficiente de mulheres interessadas em participar da política. Rangel nega haver desinteresse feminino por política e afirma que se trata de uma “desculpa comum” dos partidos que deixam de investir no incentivo à participação feminina.
Dino pondera que, apesar de não contemplar as cotas, a punição é prevista para outros dois itens da reforma eleitoral. Segundo a nova lei, os partidos que desobedecerem a reserva de 10% do horário eleitoral para candidatas devem ter o tempo suspenso no ano seguinte; já aqueles que deixarem de destinar 5% do fundo partidário ao incentivo da participação de mulheres sofrerão multa de 2,5% na conta do ano posterior.
Dino diz acreditar que as medidas resultarão no aumento do número de candidatas por partido, fazendo com que a cota seja atingida indiretamente. “As reservas do tempo e do fundo levarão à quebra da inércia que explica o não preenchimento da conta de 30%”, afirmou.

BAIXE DE GRAÇA O FILME HOMENS BRANCOS NÃO SABEM ENTERRAR

Retirado do blog Ndrangheta.
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Formato: RMVB DVDRip Titulo
Original: White Men Can't Jump (1992)
Áudio:Português
Gênero:Ação/ ComédiaDuração: 1:50 min
Tamanhos: 385 MB
Servidor: Rapidshare

Billy Hoyle (Woody Harrelson) e Sidney Deane (Wesley Snipes) são uma inacreditável dupla de trapaceiros. Eles se unem para dar golpes pelas quadras de Los Angeles, jogando um jogo que é rápido, perigoso e engraçado. Dirigido e escrito por Ron Shelton ("Sorte no Amor"), e co-estrelando a bela Rosie Perez, "Homens Brancos Não Sabem Enterrar" é um arremesso de classe, uma comédia que encesta todas!

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REUNIÃO CIETÍFICA SOBRE TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO

Dando uma passeada pela net achei esse site e esse evento muito importante.
Para acessar o site clique na imagem abaixo, segue adiante a programação do evento.


III Reunião Científica Trabalho Escravo Comtemporâneo e Questões Correlatas
Data: 21 a 23 de outubro de 2009
Está prevista a participação de pesquisadores oriundos das seguintes universidades bra-sileiras:Universidade da Amazônia,Universidade Estadual do Rio de JaneiroUniversidade Federal do Mato Grosso, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Maranhão, Universidade Federal de São Carlos, Universidade Federal Fluminense, Universidade de Brasília, Federal do Pará, Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Federal do Piauí, Pontifícia Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo;
e das universidades do exterior:
Universidad Nacional Autónoma de México, Universidad de Sevilha, Università di Padova,The University of Manchester,Universidade Humboldt de Berlim.
Programação:
Período de realização: 21 a 23 de outubro de 2009.
Coordenação: professores Ricardo Rezende Figueira e Adonia Antunes Prado
Local: Auditório do Anexo do CFCH, 3º PisoAv. Pasteur – 250 – Urca – Rio de Janeiro – RJ.

Quarta-feira - 21.10.2009
9:00 às 9:30: Abertura
1ª. Sessão
9:30 às 11:10: Apresentações: Migração e trabalho
1. Leonardo Sakamoto –, doutor, USP. 2. Antônio Almeida – doutorando, Puc-SP.3. José Roberto Novaes – doutor, UFRJ4. Francisco José da Costa Alves, doutor, UFSCar
11:10 às 11:30 Cafezinho11:30 às 12:30: Debate.
Almoço 12:30 às 13:30
2ª Sessão13:30 às 15:30: Apresentações
1. Horácio Antunes de Santana – doutor, UFMA;2. Mariana Setúbal – doutoranda UFRJ 3. Flávia Moura, mestre, Maranhão;4. Helion Povoa, doutor, UFRJ5. José Carlos Aragão, doutor, UEPI
5:30 às 15:50: Cafezinho15:50 às 17:00: Debate
Quinta-feira - 22.10.2009
3ª. Sessão
9:00 às 11:00: Apresentações: Trabalhado escravo como fenômeno inter-nacional
1. Boris Marañón – doutor, Instituto de Investigações Econômicas /Universidade Nacional Autônoma de México2. Valter Zanin, doutor, Universidade de Pádua, Itália3. Nicola Phillip, doutora, Universidade de Manchester, Inglaterra4. Meiry Correa, doutoranda, Universidade de Sevilha, Espanha5. Beatriz Ávila Vasconcelos, doutora, Universidade Humboldt de Berlim
11:00 às 11:20 Cafezinho11:20 às 12:30: Debate.
Almoço 12:30 às 13:30
4ª Sessão
13:30 às 15:30: Apresentações: Poder público e sociedade civil
1. Benedito de Lima Silva Filho – mestre, Auditor do trabalho2. Antônio Camargo de Melo – especialista, Subprocurador Geral do Tra-balho, IESB.3. José Cláudio Monteiro de Brito – doutor, Procurador Regional do Trabalho, UFPA, UNAMA.4. Raquel Dodge – doutora, Subprocuradora-Geral da República.5. Gladyson Stelio Brito Pereira – mestre, MST.6. Graziela do Ó Rocha – mestre, UFF7. Maria Nasaré Ferreira Pinto – mestranda, UERJ
15:30 às 15:50: Cafezinho15:50 às 17:00: Debate
17:30 às 20:00
Painel: Direitos Humanos NEPP-DH/UFRJ e Movimento Humanos Direi-tos (MHUD)
Local: Auditório Manuel Maurício, prédio do CFCH, térreo Av. Pasteur – 250 – Urca – Rio de Janeiro – RJ.
Irmã Henriqueta Cavalcante, ParáDira Paes, MHuDMinistro Paulo Vannuchi, BrasíliaReitor Aluísio Teixeira, Rio de Janeiro
20:00 às 22:00
MHUD entrega do Prêmio João Canuto
Augusto Boal, in memorian, diretor, escritor e político;Henriqueta Cavalcante, religiosaIsabel Filardis, atrizJean-Pierre Leroy, sociólogo e educadorJo Mazzarollo, jornalistaAssociação Juízes para a Democracia Júlio Lancellotti, padre e educadorLuís Flávio Cappio, bispo católico
Local: Auditório do Anexo do CFCH, 3º PisoAv. Pasteur – 250 – Urca – Rio de Janeiro – RJ.
Sexta-feira - 23.10.2009
5ª Sessão
9:00 às 11:00: Apresentações
1. Vitale Joanoni – doutor, UFMT2. Max Rodrigues – mestre, UFMT 3. Ricardo Rezende Figueira, doutor, e equipe de Banco de Dados, UFRJ4. Adonia Antunes Prado – doutora, UFRJ 5. Andressa Lacerda – mestre, IG/UFF6. Emmanuel Oguri Freitas – doutorando, UFRRJ
11:00 às 11:20: cafezinho11:20 às 12:30: debate
12:30 às 13:30: almoço
13:30 às 15:30:
Avaliação da Reunião, discussão sobre novos encontros e sobre a publicação dos anais da reunião.

NOSSO RACISMO É UM CRIME PERFEITO - ENTREVISTA COM KABENGELE MUNANGA

Retirado do site da revista Forúm.

Por Camila Souza Ramos e Glauco Faria
[Terça-Feira, 18 de Agosto de 2009]

Fórum - O senhor veio do antigo Zaire que, apesar de ter alguns pontos de contato com a cultura brasileira e a cultura do Congo, é um país bem diferente. O senhor sentiu, quando veio pra cá, a questão racial? Como foi essa mudança para o senhor?
Kabengele - Essas coisas não são tão abertas como a gente pensa. Cheguei aqui em 1975, diretamente para a USP, para fazer doutorado. Não se depara com o preconceito à primeira vista, logo que sai do aeroporto. Essas coisas vêm pouco a pouco, quando se começa a descobrir que você entra em alguns lugares e percebe que é único, que te olham e já sabem que não é daqui, que não é como “nossos negros”, é diferente. Poderia dizer que esse estranhamento é por ser estrangeiro, mas essa comparação na verdade é feita em relação aos negros da terra, que não entram em alguns lugares ou não entram de cabeça erguida.
Depois, com o tempo, na academia, fiz disciplinas em antropologia e alguns de meus professores eram especialistas na questão racial. Foi através da academia, da literatura, que comecei a descobrir que havia problemas no país. Uma das primeiras aulas que fiz foi em 1975, 1976, já era uma disciplina sobre a questão racial com meu orientador João Batista Borges Pereira. Depois, com o tempo, você vai entrar em algum lugar em que está sozinho e se pergunta: onde estão os outros? As pessoas olhavam mesmo, inclusive olhavam mais quando eu entrava com minha mulher e meus filhos. Porque é uma família inter-racial: a mulher branca, o homem negro, um filho negro e um filho mestiço. Em todos os lugares em que a gente entrava, era motivo de curiosidade. O pessoal tentava ser discreto, mas nem sempre escondia. Entrávamos em lugares onde geralmente os negros não entram.
A partir daí você começa a buscar uma explicação para saber o porquê e se aproxima da literatura e das aulas da universidade que falam da discriminação racial no Brasil, os trabalhos de Florestan Fernandes, do Otavio Ianni, do meu próprio orientador e de tantos outros que trabalharam com a questão. Mas o problema é que quando a pessoa é adulta sabe se defender, mas as crianças não. Tenho dois filhos que nasceram na Bélgica, dois no Congo e meu caçula é brasileiro. Quantas vezes, quando estavam sozinhos na rua, sem defesa, se depararam com a polícia?
Meus filhos estudaram em escola particular, Colégio Equipe, onde estudavam filhos de alguns colegas professores. Eu não ia buscá-los na escola, e quando saíam para tomar ônibus e voltar para casa com alguns colegas que eram brancos, eles eram os únicos a ser revistados. No entanto, a condição social era a mesma e estudavam no mesmo colégio. Por que só eles podiam ser suspeitos e revistados pela polícia? Essa situação eu não posso contar quantas vezes vi acontecer. Lembro que meu filho mais velho, que hoje é ator, quando comprou o primeiro carro dele, não sei quantas vezes ele foi parado pela polícia. Sempre apontando a arma para ele para mostrar o documento. Ele foi instruído para não discutir e dizer que os documentos estão no porta-luvas, senão podem pensar que ele vai sacar uma arma. Na realidade, era suspeito de ser ladrão do próprio carro que ele comprou com o trabalho dele. Meus filhos até hoje não saem de casa para atravessar a rua sem documento. São adultos e criaram esse hábito, porque até você provar que não é ladrão... A geografia do seu corpo não indica isso.
Então, essa coisa de pensar que a diferença é simplesmente social, é claro que o social acompanha, mas e a geografia do corpo? Isso aqui também vai junto com o social, não tem como separar as duas coisas. Fui com o tempo respondendo à questão, por meio da vivência, com o cotidiano e as coisas que aprendi na universidade, depoimentos de pessoas da população negra, e entendi que a democracia racial é um mito. Existe realmente um racismo no Brasil, diferenciado daquele praticado na África do Sul durante o regime do apartheid, diferente também do racismo praticado nos EUA, principalmente no Sul. Porque nosso racismo é, utilizando uma palavra bem conhecida, sutil. Ele é velado. Pelo fato de ser sutil e velado isso não quer dizer que faça menos vítimas do que aquele que é aberto. Faz vítimas de qualquer maneira.

Revista Fórum - Quando você tem um sistema como o sul-africano ou um sistema de restrição de direitos como houve nos EUA, o inimigo está claro. No caso brasileiro é mais difícil combatê-lo...
Kabengele - Claro, é mais difícil. Porque você não identifica seu opressor. Nos EUA era mais fácil porque começava pelas leis. A primeira reivindicação: o fim das leis racistas. Depois, se luta para implementar políticas públicas que busquem a promoção da igualdade racial. Aqui é mais difícil, porque não tinha lei nem pra discriminar, nem pra proteger. As leis pra proteger estão na nova Constituição que diz que o racismo é um crime inafiançável. Antes disso tinha a lei Afonso Arinos, de 1951. De acordo com essa lei, a prática do racismo não era um crime, era uma contravenção. A população negra e indígena viveu muito tempo sem leis nem para discriminar nem para proteger.

Revista Fórum - Aqui no Brasil há mais dificuldade com relação ao sistema de cotas justamente por conta do mito da democracia racial?

Kabengele - Tem segmentos da população a favor e contra. Começaria pelos que estão contra as cotas, que apelam para a própria Constituição, afirmando que perante a lei somos todos iguais. Então não devemos tratar os cidadãos brasileiros diferentemente, as cotas seriam uma inconstitucionalidade. Outro argumento contrário, que já foi demolido, é a ideia de que seria difícil distinguir os negros no Brasil para se beneficiar pelas cotas por causa da mestiçagem. O Brasil é um país de mestiçagem, muitos brasileiros têm sangue europeu, além de sangue indígena e africano, então seria difícil saber quem é afro-descendente que poderia ser beneficiado pela cota. Esse argumento não resistiu. Por quê? Num país onde existe discriminação antinegro, a própria discriminação é a prova de que é possível identificar os negros. Senão não teria discriminação.
Em comparação com outros países do mundo, o Brasil é um país que tem um índice de mestiçamento muito mais alto. Mas isso não pode impedir uma política, porque basta a autodeclaração. Basta um candidato declarar sua afro-descendência. Se tiver alguma dúvida, tem que averiguar. Nos casos-limite, o indivíduo se autodeclara afrodescendente. Às vezes, tem erros humanos, como o que aconteceu na UnB, de dois jovens mestiços, de mesmos pais, um entrou pelas cotas porque acharam que era mestiço, e o outro foi barrado porque acharam que era branco. Isso são erros humanos. Se tivessem certeza absoluta que era afro-descendente, não seria assim. Mas houve um recurso e ele entrou. Esses casos-limite existem, mas não é isso que vai impedir uma política pública que possa beneficiar uma grande parte da população brasileira.
Além do mais, o critério de cota no Brasil é diferente dos EUA. Nos EUA, começaram com um critério fixo e nato. Basta você nascer negro. No Brasil não. Se a gente analisar a história, com exceção da UnB, que tem suas razões, em todas as universidades brasileiras que entraram pelo critério das cotas, usaram o critério étnico-racial combinado com o critério econômico. O ponto de partida é a escola pública. Nos EUA não foi isso. Só que a imprensa não quer enxergar, todo mundo quer dizer que cota é simplesmente racial. Não é. Isso é mentira, tem que ver como funciona em todas as universidades. É necessário fazer um certo controle, senão não adianta aplicar as cotas. No entanto, se mantém a ideia de que, pelas pesquisas quantitativas, do IBGE, do Ipea, dos índices do Pnud, mostram que o abismo em matéria de educação entre negros e brancos é muito grande. Se a gente considerar isso então tem que ter uma política de mudança. É nesse sentido que se defende uma política de cotas.
O racismo é cotidiano na sociedade brasileira. As pessoas que estão contra cotas pensam como se o racismo não tivesse existido na sociedade, não estivesse criando vítimas. Se alguém comprovar que não tem mais racismo no Brasil, não devemos mais falar em cotas para negros. Deveríamos falar só de classes sociais. Mas como o racismo ainda existe, então não há como você tratar igualmente as pessoas que são vítimas de racismo e da questão econômica em relação àquelas que não sofrem esse tipo de preconceito. A própria pesquisa do IPEA mostra que se não mudar esse quadro, os negros vão levar muitos e muitos anos para chegar aonde estão os brancos em matéria de educação. Os que são contra cotas ainda dão o argumento de que qualquer política de diferença por parte do governo no Brasil seria uma política de reconhecimento das raças e isso seria um retrocesso, que teríamos conflitos, como os que aconteciam nos EUA.

Fórum - Que é o argumento do Demétrio Magnoli.
Kabengele - Isso é muito falso, porque já temos a experiência, alguns falam de mais de 70 universidades públicas, outros falam em 80. Já ouviu falar de conflitos raciais em algum lugar, linchamentos raciais? Não existe. É claro que houve manifestações numa universidade ou outra, umas pichações, "negro, volta pra senzala". Mas isso não se caracteriza como conflito racial. Isso é uma maneira de horrorizar a população, projetar conflitos que na realidade não vão existir.

Fórum - Agora o DEM entrou com uma ação no STF pedindo anulação das cotas. O que motiva um partido como o DEM, qual a conexão entre a ideologia de um partido ou um intelectual como o Magnoli e essa oposição ao sistema de cotas? Qual é a raiz dessa resistência?
Kabengele – Tenho a impressão que as posições ideológicas não são explícitas, são implícitas. A questão das cotas é uma questão política. Tem pessoas no Brasil que ainda acreditam que não há racismo no país. E o argumento desse deputado do DEM é esse, de que não há racismo no Brasil, que a questão é simplesmente socioeconômica. É um ponto de vista refutável, porque nós temos provas de que há racismo no Brasil no cotidiano. O que essas pessoas querem? Status quo. A ideia de que o Brasil vive muito bem, não há problema com ele, que o problema é só com os pobres, que não podemos introduzir as cotas porque seria introduzir uma discriminação contra os brancos e pobres. Mas eles ignoram que os brancos e pobres também são beneficiados pelas cotas, e eles negam esse argumento automaticamente, deixam isso de lado.

Fórum – Mas isso não é um cinismo de parte desses atores políticos, já que eles são contra o sistema de cotas, mas também são contra o Bolsa-Família ou qualquer tipo de política compensatória no campo socioeconômico?
Kabengele - É interessante, porque um país que tem problemas sociais do tamanho do Brasil deveria buscar caminhos de mudança, de transformação da sociedade. Cada vez que se toca nas políticas concretas de mudança, vem um discurso. Mas você não resolve os problemas sociais somente com a retórica. Quanto tempo se fala da qualidade da escola pública? Estou aqui no Brasil há 34 anos. Desde que cheguei aqui, a escola pública mudou em algum lugar? Não, mas o discurso continua. "Ah, é só mudar a escola pública." Os mesmos que dizem isso colocam os seus filhos na escola particular e sabem que a escola pública é ruim. Poderiam eles, como autoridades, dar melhor exemplo e colocar os filhos deles em escola pública e lutar pelas leis, bom salário para os educadores, laboratórios, segurança. Mas a coisa só fica no nível da retórica.
E tem esse argumento legalista, "porque a cota é uma inconstitucionalidade, porque não há racismo no Brasil". Há juristas que dizem que a igualdade da qual fala a Constituição é uma igualdade formal, mas tem a igualdade material. É essa igualdade material que é visada pelas políticas de ação afirmativa. Não basta dizer que somos todos iguais. Isso é importante, mas você tem que dar os meios e isso se faz com as políticas públicas. Muitos disseram que as cotas nas universidades iriam atingir a excelência universitária. Está comprovado que os alunos cotistas tiveram um rendimento igual ou superior aos outros. Então a excelência não foi prejudicada. Aliás, é curioso falar de mérito como se nosso vestibular fosse exemplo de democracia e de mérito. Mérito significa simplesmente que você coloca como ponto de partida as pessoas no mesmo nível. Quando as pessoas não são iguais, não se pode colocar no ponto de partida para concorrer igualmente. É como você pegar uma pessoa com um fusquinha e outro com um Mercedes, colocar na mesma linha de partida e ver qual o carro mais veloz. O aluno que vem da escola pública, da periferia, de péssima qualidade, e o aluno que vem de escola particular de boa qualidade, partindo do mesmo ponto, é claro que os que vêm de uma boa escola vão ter uma nota superior. Se um aluno que vem de um Pueri Domus, Liceu Pasteur, tira nota 8, esse que vem da periferia e tirou nota 5 teve uma caminhada muito longa. Essa nota 5 pode ser mais significativa do que a nota 7 ou 8. Dando oportunidade ao aluno, ele não vai decepcionar.
Foi isso que aconteceu, deram oportunidade. As cotas são aplicadas desde 2003. Nestes sete anos, quantos jovens beneficiados pelas cotas terminaram o curso universitário e quantos anos o Brasil levaria para formar o tanto de negros sem cotas? Talvez 20 ou mais. Isso são coisas concretas para as quais as pessoas fecham os olhos. No artigo do professor Demétrio Magnoli, ele me critica, mas não leu nada. Nem uma linha de meus livros. Simplesmente pegou o livro da Eneida de Almeida dos Santos, Mulato, negro não-negro e branco não-branco que pediu para eu fazer uma introdução, e desta introdução de três páginas ele tirou algumas frases e, a partir dessas frases, me acusa de ser um charlatão acadêmico, de professar o racismo científico abandonado há mais de um século e fazer parte de um projeto de racialização oficial do Brasil. Nunca leu nada do que eu escrevi.
A autora do livro é mestiça, psiquiatra e estuda a dificuldade que os mestiços entre branco e negro têm pra construir a sua identidade. Fiz a introdução mostrando que eles têm essa dificuldade justamente por causa de serem negros não-negros e brancos não-brancos. Isso prejudica o processo, mas no plano político, jurídico, eles não podem ficar ambivalentes. Eles têm que optar por uma identidade, têm que aceitar sua negritude, e não rejeitá-la. Com isso ele acha que eu estou professando a supressão dos mestiços no Brasil e que isso faz parte do projeto de racialização do brasileiro. Não tinha nada para me acusar, soube que estou defendendo as cotas, tirou três frases e fez a acusação dele no jornal.

Fórum - O senhor toca na questão do imaginário da democracia racial, mas as pessoas são formadas para aceitarem esse mito...
Kabengele - O racismo é uma ideologia. A ideologia só pode ser reproduzida se as próprias vítimas aceitam, a introjetam, naturalizam essa ideologia. Além das próprias vítimas, outros cidadãos também, que discriminam e acham que são superiores aos outros, que têm direito de ocupar os melhores lugares na sociedade. Se não reunir essas duas condições, o racismo não pode ser reproduzido como ideologia, mas toda educação que nós recebemos é para poder reproduzi-la.
Há negros que introduziram isso, que alienaram sua humanidade, que acham que são mesmo inferiores e o branco tem todo o direito de ocupar os postos de comando. Como também tem os brancos que introjetaram isso e acham mesmo que são superiores por natureza. Mas para você lutar contra essa ideia não bastam as leis, que são repressivas, só vão punir. Tem que educar também. A educação é um instrumento muito importante de mudança de mentalidade e o brasileiro foi educado para não assumir seus preconceitos. O Florestan Fernandes dizia que um dos problemas dos brasileiros é o “preconceito de ter preconceito de ter preconceito”. O brasileiro nunca vai aceitar que é preconceituoso. Foi educado para não aceitar isso. Como se diz, na casa de enforcado não se fala de corda.
Quando você está diante do negro, dizem que tem que dizer que é moreno, porque se disser que é negro, ele vai se sentir ofendido. O que não quer dizer que ele não deve ser chamado de negro. Ele tem nome, tem identidade, mas quando se fala dele, pode dizer que é negro, não precisa branqueá-lo, torná-lo moreno. O brasileiro foi educado para se comportar assim, para não falar de corda na casa de enforcado. Quando você pega um brasileiro em flagrante de prática racista, ele não aceita, porque não foi educado para isso. Se fosse um americano, ele vai dizer: "Não vou alugar minha casa para um negro". No Brasil, vai dizer: "Olha, amigo, você chegou tarde, acabei de alugar". Porque a educação que o americano recebeu é pra assumir suas práticas racistas, pra ser uma coisa explícita.
Quando a Folha de S. Paulo fez aquela pesquisa de opinião em 1995, perguntaram para muitos brasileiros se existe racismo no Brasil. Mais de 80% disseram que sim. Perguntaram para as mesmas pessoas: "você já discriminou alguém?". A maioria disse que não. Significa que há racismo, mas sem racistas. Ele está no ar... Como você vai combater isso? Muitas vezes o brasileiro chega a dizer ao negro que reage: "você que é complexado, o problema está na sua cabeça". Ele rejeita a culpa e coloca na própria vítima. Já ouviu falar de crime perfeito? Nosso racismo é um crime perfeito, porque a própria vítima é que é responsável pelo seu racismo, quem comentou não tem nenhum problema.

Revista Fórum - O humorista Danilo Gentilli escreveu no Twitter uma piada a respeito do King Kong, comparando com um jogador de futebol que saía com loiras. Houve uma reação grande e a continuação dos argumentos dele para se justificar vai ao encontro disso que o senhor está falando. Ele dizia que racista era quem acusava ele, e citava a questão do orgulho negro como algo de quem é racista.
Kebengele - Faz parte desse imaginário. O que está por trás que está fazendo uma ilustração de King Kong, que ele compara a um jogador de futebol que vai casar com uma loira, é a ideia de alguém que ascende na vida e vai procurar sua loira. Mas qual é o problema desse jogador de futebol? São pessoas vítimas do racismo que acham que agora ascenderam na vida e, para mostrar isso, têm que ter uma loira que era proibida quando eram pobres? Pode até ser uma explicação. Mas essa loira não é uma pessoa humana que pode dizer não ou sim e foi obrigada a ir com o King Kong por causa de dinheiro? Pode ser, quantos casamentos não são por dinheiro na nossa sociedade? A velha burguesia só se casa dentro da velha burguesia. Mas sempre tem pessoas que desobedecem as normas da sociedade.
Essas jovens brancas, loiras, também pulam a cerca de suas identidades pra casar com um negro jogador. Por que a corda só arrebenta do lado do jogador de futebol? No fundo, essas pessoas não querem que os negros casem com suas filhas. É uma forma de racismo. Estão praticando um preconceito que não respeita a vontade dessas mulheres nem essas pessoas que ascenderam na vida, numa sociedade onde o amor é algo sem fronteiras, e não teria tantos mestiços nessa sociedade. Com tudo o que aconteceu no campo de futebol com aquele jogador da Argentina que chamou o Grafite de macaco, com tudo o que acontece na Europa, esse humorista faz uma ilustração disso, ou é uma provocação ou quer reafirmar os preconceitos na nossa sociedade.

Fórum - É que no caso, o Danilo Gentili ainda justificou sua piada com um argumento muito simplório: "por que eu posso chamar um gordo de baleia e um negro de macaco", como se fosse a mesma coisa.
Kabengele - É interessante isso, porque tenho a impressão de que é um cara que não conhece a história e o orgulho negro tem uma história. São seres humanos que, pelo próprio processo de colonização, de escravidão, a essas pessoas foi negada sua humanidade. Para poder se recuperar, ele tem que assumir seu corpo como negro. Se olhar no espelho e se achar bonito ou se achar feio. É isso o orgulho negro. E faz parte do processo de se assumir como negro, assumir seu corpo que foi recusado. Se o humorista conhecesse isso, entenderia a história do orgulho negro. O branco não tem motivo para ter orgulho branco porque ele é vitorioso, está lá em cima. O outro que está lá em baixo que deve ter orgulho, que deve construir esse orgulho para poder se reerguer.

Fórum - O senhor tocou no caso do Grafite com o Desábato, e recentemente tivemos, no jogo da Libertadores entre Cruzeiro e Grêmio, o caso de um jogador que teria sido chamado de macaco por outro atleta. Em geral, as pessoas – jornalistas que comentaram, a diretoria gremista – argumentavam que no campo de futebol você pode falar qualquer coisa, e que se as pessoas fossem se importar com isso, não teria como ter jogo de futebol. Como você vê esse tipo de situação?
Kabengele - Isso é uma prova daquilo que falei, os brasileiros são educados para não assumir seus hábitos, seu racismo. Em outros países, não teria essa conversa de que no campo de futebol vale. O pessoal pune mesmo. Mas aqui, quando se trata do negro... Já ouviu caso contrário, de negro que chama branco de macaco? Quando aquele delegado prendeu o jogador argentino no caso do Grafite, todo mundo caiu em cima. Os técnicos, jornalistas, esportistas, todo mundo dizendo que é assim no futebol. Então a gente não pode educar o jogador de futebol, tudo é permitido? Quando há violência física, eles são punidos, mas isso aqui é uma violência também, uma violência simbólica. Por que a violência simbólica é aceita a violência física é punida?

Fórum - Como o senhor vê hoje a aplicação da lei que determina a obrigatoriedade do ensino de cultura africana nas escolas? Os professores, de um modo geral, estão preparados para lidar com a questão racial?
Kabengele - Essa lei já foi objeto de crítica das pessoas que acham que isso também seria uma racialização do Brasil. Pessoas que acham que, sendo a população brasileira uma população mestiça, não é preciso ensinar a cultura do negro, ensinar a história do negro ou da África. Temos uma única história, uma única cultura, que é uma cultura mestiça. Tem pessoas que vão nessa direção, pensam que isso é uma racialização da educação no Brasil.
Mas essa questão do ensino da diversidade na escola não é propriedade do Brasil. Todos os países do mundo lidam com a questão da diversidade, do ensino da diversidade na escola, até os que não foram colonizadores, os nórdicos, com a vinda dos imigrantes, estão tratando da questão da diversidade na escola.
O Brasil deveria tratar dessa questão com mais força, porque é um país que nasceu do encontro das culturas, das civilizações. Os europeus chegaram, a população indígena – dona da terra – os africanos, depois a última onda imigratória é dos asiáticos. Então tudo isso faz parte das raízes formadoras do Brasil que devem fazer parte da formação do cidadão. Ora, se a gente olhar nosso sistema educativo, percebemos que a história do negro, da África, das populações indígenas não fazia parte da educação do brasileiro.
Nosso modelo de educação é eurocêntrico. Do ponto de vista da historiografia oficial, os portugueses chegaram na África, encontraram os africanos vendendo seus filhos, compraram e levaram para o Brasil. Não foi isso que aconteceu. A história da escravidão é uma história da violência. Quando se fala de contribuições, nunca se fala da África. Se se introduzir a história do outro de uma maneira positiva, isso ajuda.
É por isso que a educação, a introdução da história dele no Brasil, faz parte desse processo de construção do orgulho negro. Ele tem que saber que foi trazido e aqui contribuiu com o seu trabalho, trabalho escravizado, para construir as bases da economia colonial brasileira. Além do mais, houve a resistência, o negro não era um João-Bobo que simplesmente aceitou, senão a gente não teria rebeliões das senzalas, o Quilombo dos Palmares, que durou quase um século. São provas de resistência e de defesa da dignidade humana. São essas coisas que devem ser ensinadas. Isso faz parte do patrimônio histórico de todos os brasileiros. O branco e o negro têm que conhecer essa história porque é aí que vão poder respeitar os outros.
Voltando a sua pergunta, as dificuldades são de duas ordens. Em primeiro lugar, os educadores não têm formação para ensinar a diversidade. Estudaram em escolas de educação eurocêntrica, onde não se ensinava a história do negro, não estudaram história da África, como vão passar isso aos alunos? Além do mais, a África é um continente, com centenas de culturas e civilizações. São 54 países oficialmente. A primeira coisa é formar os educadores, orientar por onde começou a cultura negra no Brasil, por onde começa essa história. Depois dessa formação, com certo conteúdo, material didático de boa qualidade, que nada tem a ver com a historiografia oficial, o processo pode funcionar.

Fórum - Outra questão que se discute é sobre o negro nos espaços de poder. Não se veem negros como prefeitos, governadores. Como trabalhar contra isso?
Kabengele - O que é um país democrático? Um país democrático, no meu ponto de vista, é um país que reflete a sua diversidade na estrutura de poder. Nela, você vê mulheres ocupando cargos de responsabilidade, no Executivo, no Legislativo, no Judiciário, assim como no setor privado. E ainda os índios, que são os grandes discriminados pela sociedade. Isso seria um país democrático. O fato de você olhar a estrutura de poder e ver poucos negros ou quase não ver negros, não ver mulheres, não ver índios, isso significa que há alguma coisa que não foi feita nesse país. Como construção da democracia, a representatividade da diversidade não existe na estrutura de poder. Por quê?
Se você fizer um levantamento no campo jurídico, quantos desembargadores e juízes negros têm na sociedade brasileira? Se você for pras universidades públicas, quantos professores negros tem, começando por minha própria universidade? Esta universidade tem cerca de 5 mil professores. Quantos professores negros tem na USP? Nessa grande faculdade, que é a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), uma das maiores da USP junto com a Politécnica, tenho certeza de que na minha faculdade fui o primeiro negro a entrar como professor. Desde que entrei no Departamento de Antropologia, não entrou outro. Daqui três anos vou me aposentar. O professor Milton Santos, que era um grande professor, quase Nobel da Geografia, entrou no departamento, veio do exterior e eu já estava aqui. Em toda a USP, não sou capaz de passar de dez pessoas conhecidas. Pode ter mais, mas não chega a 50, exagerando. Se você for para as grandes universidades americanas, Harvard, Princeton, Standford, você vai encontrar mais negros professores do que no Brasil. Lá eles são mais racistas, ou eram mais racistas, mas como explicar tudo isso?
120 anos de abolição. Por que não houve uma certa mobilidade social para os negros chegarem lá? Há duas explicações: ou você diz que ele é geneticamente menos inteligente, o que seria uma explicação racista, ou encontra explicação na sociedade. Quer dizer que se bloqueou a sua mobilidade. E isso passa por questão de preconceito, de discriminação racial. Não há como explicar isso. Se você entender que os imigrantes japoneses chegaram, nós comemoramos 100 anos recentemente da sua vinda, eles tiveram uma certa mobilidade. Os coreanos também ocupam um lugar na sociedade. Mas os negros já estão a 120 anos da abolição. Então tem uma explicação. Daí a necessidade de se mudar o quadro. Ou nós mantemos o quadro, porque se não mudamos estamos racializando o Brasil, ou a gente mantém a situação para mostrar que não somos racistas. Porque a explicação é essa, se mexer, somos racistas e estamos racializando. Então vamos deixar as coisas do jeito que estão. Esse é o dilema da sociedade.

Revista Fórum – como o senhor vê o tratamento dado pela mídia à questão racial?
Kabengele - A imprensa faz parte da sociedade. Acho que esse discurso do mito da democracia racial é um discurso também que é absorvido por alguns membros da imprensa. Acho que há uma certa tendência na imprensa pelo fato de ser contra as políticas de ação afirmativa, sendo que também não são muito favoráveis a essa questão da obrigatoriedade do ensino da história do negro na escola.
Houve, no mês passado, a II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Silêncio completo da imprensa brasileira. Não houve matérias sobre isso. Os grandes jornais da imprensa escrita não pautaram isso. O silêncio faz parte do dispositivo do racismo brasileiro. Como disse Elie Wiesel, o carrasco mata sempre duas vezes. A segunda mata pelo silêncio. O silêncio é uma maneira de você matar a consciência de um povo. Porque se falar sobre isso abertamente, as pessoas vão buscar saber, se conscientizar, mas se ficar no silêncio a coisa morre por aí. Então acho que o silêncio da imprensa, no meu ponto de vista, passa por essa estratégia, é o não-dito.
Acabei de passar por uma experiência interessante. Saí da Conferência Nacional e fui para Barcelona, convidado por um grupo de brasileiros que pratica capoeira. Claro, receberam recursos do Ministério das Relações Exteriores, que pagou minha passagem e a estadia. Era uma reunião pequena de capoeiristas e fiz uma conferência sobre a cultura negra no Brasil. Saiu no El Pais, que é o jornal mais importante da Espanha, noticiou isso, uma coisa pequena. Uma conferência nacional deste tamanho aqui não se fala. É um contrassenso. O silêncio da imprensa não é um silêncio neutro, é um silêncio que indica uma certa orientação da questão racial. Tem que não dizer muita coisa e ficar calado. Amanhã não se fala mais, acabou.

Essa matéria é parte integrante da edição impressa da Fórum de agosto. Nas bancas.
Camila Souza Ramos e Glauco Faria